O primeiro-ministro, Mr. Poul Thomsen - Económico

O dinamarquês que escreveu o programa do Governo que sairá das urnas em 5 de Junho terá aprendido com o exemplo da desgraça grega.

O plano de resgate para Portugal é bem mais ligeiro. Resta saber se os portugueses também conseguem aprender qualquer coisa

O próximo primeiro-ministro de Portugal, Poul Thomsen - que governará o país por via de um alter-ego que ele ainda não sabe se se chamará José ou Pedro, o que é um pormenor mais ou menos irrelevante - já deu a conhecer o grosso do que será o seu programa de Governo até 2014. Poul Thomsen é dinamarquês, mas o mais importante é que não é português. Por uma razão simples: é que uma maioria substancial dos dirigentes políticos portugueses tem demonstrado nas últimas décadas uma inabalável tendência para nunca ter dúvidas e raramente se enganar; o que tem feito com que acumulem inumeráveis (e alguns inenarráveis) erros de decisão e suscitem sustentadíssimas dúvidas junto dos cada vez mais boquiabertos cidadãos que - ainda assim e por uma razão difícil de entender - os elegem.

Ao contrário da constelação de estrelas que tem sido responsável pela errática e duvidosa caminhada nacional sem erros nem dúvidas para a bancarrota, Poul Thomsen terá considerado que errou - ou pelo menos não andou muito bem - na sua anterior função como primeiro-ministro da Grécia. Um par de semestres depois da intervenção do FMI - entidade para a qual Thomsen trabalha há mais de 20 anos - naquele atormentado país, os gregos estão bem pior que o que estavam quando o fundo aterrou em Atenas, vai para um ano. O dinamarquês foi encontrar um país que se sugou a si próprio (desbaratando fundos estruturais comunitários como se fossem baldes de água atirados para um deserto); que envelheceu sob regras sociológicas do tempo das ditaduras militares; e que achava ter a chave da salvação nas praias banhadas por um Mediterrâneo aquecido e nuns mamarrachos do tempo de umas glórias decrépitas, defuntas há dois milénios e meio. Um ano depois, a Grécia, que já tinha batido no fundo, conseguiu a proeza impossível de enterrar-se nesse fundo.

Thomsen, para bem de nós todos, terá aprendido a lição e pretendido subtrair este não menos atormentado Portugal a esse cenário de miséria. Por isso, as medidas já conhecidas para o FMI e seus parceiros aceitarem resgatar o país por via de um empréstimo de 78 mil milhões de euros são assinalavelmente menos penalizantes (do ponto de vista social) que aquelas que foram impostas aos descendentes de Sócrates (o grego).

Para além desta eventual assumpção do erro grego, é mais que óbvio que a situação actual da Grécia não fica bem na fotografia da União Europeia. É que a imagem actual do agregado de que Durão Barroso é um dos responsáveis poderia ser esta: Angela Merkel sorridente a cumprimentar o CEO da VW por estar prestes a tornar-se o segundo maior construtor automóvel do mundo e pretender criar seis mil postos de trabalho imediatos, tendo como pano de fundo um grupo de gregos encapuçados, arremessando um cocktail Molotov contra um Volkswagen Pólo. Portugal não pode, por isso, ser mais um peso-morto num agregado que pretende continuar a ser um peso-pesado no mundo global.

Com certeza que estes dois factores - a assumpção do erro e a vontade de a União Europeia retocar a fotografia de grupo - pesaram bem mais para o acordo português, que a propagandeada capacidade nacional em impor ao FMI regras menos penalizantes que as gregas.

Mas os portugueses, esses que nunca têm dúvidas e raramente se enganam, não têm emenda: o Governo (e o partido que o apoia) veio dizer que conseguiu um óptimo acordo - como se tivesse encostado Poul Thomsen a uma parede e lhe tivesse dito "ou assinas isto ou metemos-te já num avião para Copenhaga"; inversamente, o PSD veio confirmar que foram da sua autoria as propostas que levaram a que o acordo fosse este bálsamo inesperado. Portanto: até 5 de Junho, temos uma nova escaramuça entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho: quem é o pai do acordo. Mas o pior de tudo ainda pode ser outra coisa - e talvez Poul Thomsen não tenha estado em Portugal tempo suficiente para perceber isso: a aparente moderação do acordo face ao que se previa, vai com certeza levar uma parte dos portugueses a pensar que, afinal, os próximos três anos não serão assim tão dramáticos e tão ‘desendinheirados' como se esperava - e que, eventualmente, está na hora de trocar a TV de ecrã plano por um plasma para filmes a três dimensões. O período eleitoral em que o País está afundado é um palco preferencial para isso: os partidos do centro político vão cair na tentação de explicar aos portugueses que se esperava um tsunami e afinal só vieram umas ondas de 15 metros - sem lhes dizerem que essas ondas são suficientes para virarem qualquer barco. Mas, isso - a estranha forma de vida que é esta coisa de ser português - nem o nosso primeiro-ministro nos próximos quatro anos, Poul Thomsen, pode mudar.


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